Pesquisadores do Instituto de Karolinska, na Suécia, desenvolveram um novo teste para diagnóstico de câncer de próstata. Batizado com nome de STHLM3, o método se mostrou mais eficaz que o usual exame, conhecido como PSA. Unindo exames de sangue que buscam por uma combinação de seis marcadores proteicos, 200 marcadores genéticos e análise de dados clínicos, como idade, histórico familiar e avaliações antecedentes para a doença, o STHLM3 é capaz de identificar formas mais agressivas dos tumores ao mesmo tempo em que reduziu a incidência de falsos positivos, evitando que os pacientes passassem por tratamentos arriscados ou biópsias dolorosas.
O estudo analisou os resultados dos testes PSA e STHLM3 realizados em 58.818 homens de Estocolmo, com idades entre 50 e 69 anos, entre 2012 e 2014. As análises mostraram que o STHLM3 reduziu o número de biópsias em 30% sem comprometer a segurança dos pacientes. Além disso, o novo método encontrou casos agressivos de câncer em homens com baixos valores no teste PSA, e que por isso não teriam a doença diagnosticada a tempo de ser combatida.
Dilemas masculinos ainda são entraves para diagnóstico
Os dados comprovam: o tumor na próstata é a quinta doença que mais mata no mundo e a segunda mais comum entre os brasileiros. Somente este ano, são esperados mais de 60 mil novos casos em todo o país. A notícia boa é que, segundo a última pesquisa realizada pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca), o aumento da expectativa de vida e a melhoria nos métodos de diagnósticos, além da evolução dos sistemas de informação, contribuíram para que mais casos pudessem ser descobertos e tratados rapidamente. No entanto, ainda não é o suficiente. Com o objetivo de diminuir a incidência da doença e alertar a população sobre a importância da prevenção e diagnóstico precoce, o Instituto Lado a Lado pela Vida, em parceria com diversos setores da sociedade, promove, desde 2012, a campanha Novembro Azul.
Para o oncologista Victor Marcondes, médico da Clínica Oncomed, é preciso que os homens superem os tabus que os afastam dos consultórios e, acima de tudo, mudar hábitos do cotidiano que contribuem para o surgimento desse tipo de tumor. “Campanhas, como o Novembro Azul, têm o papel de alertar os homens sobre a realização de um diagnóstico precoce. Mas, para que haja uma diminuição na incidência do câncer de próstata, é fundamental ter atenção aos fatores de risco, como alimentação inadequada, sedentarismo e obesidade”, afirma Marcondes.
De olho no histórico familiar
Segundo a Sociedade Brasileira de urologia, o ideal é que os médicos conversem com os pacientes que possuem 50 anos ou mais sobre a importância de realizar o rastreio do câncer de próstata. Os procedimentos indicados são o exame de toque retal e uma dosagem de PSA (substância encontrada no sangue que, em níveis maiores que 4ng/ml, aumenta os riscos de incidência da doença). Marcondes chama atenção ainda para o histórico familiar, que influencia na possibilidade de desenvolvimento da doença nos homens acima dos 50.
“Indivíduos com histórico de um ou mais parentes de primeiro grau afetados pelo câncer de próstata têm risco maior de desenvolver a doença. E quanto maior o número de parentes de primeiro grau afetados, maior a possibilidade da doença atingir os demais membros da família. Outra questão importante é que o câncer de próstata tem maior incidência em negros do que na população de cor branca”.
Possibilidade de infertilidade preocupa
Uma das principais preocupações dos pacientes é a possibilidade de a cirurgia para a retirada do tumor causar infertilidade. Segundo Maria Cecília Erthal, especialista em reprodução humana do Vida - Centro de fertilidade da Rede D’Or, já existem métodos eficazes para que o homem possa ter filhos após a doença. Segundo ela, o combate ao tumor deve vir em primeiro lugar, e o mais prejudicial é a falta de esclarecimento.
“Este é um trabalho que sempre tentamos realizar: orientar os homens que hoje existe vida após o câncer. Com as crescentes taxas de cura, a vida continua por muitos anos após o tratamento e devemos sempre nos preocupar com a qualidade dessa vida. A técnica de congelamento de espermatozoides, por exemplo, já é bem conhecida e dominada há mais de 60 anos”, explica.
Equilíbrio emocional é fundamental para a recuperação
As principais sequelas acontecem quando há a cirurgia de retirada total da próstata, conhecida como prostatectomia radical. Esse tipo de procedimento pode resultar em disfunção erétil, incontinência urinária e complicações relacionadas ao momento da cirurgia, como infarto, trombose, infecções, entre outros. O paciente deve manter um acompanhamento frequente com o seu médico após a cirurgia para que seja feita uma avaliação personalizada sobre o surgimento de complicações.
O oncologista Victor Marcondes ressalta que a incontinência urinária é uma das sequelas que mais incomodam os homens. No entanto, segundo o médico, o estado emocional do paciente é o fator que mais influencia. “O dano à musculatura do esfíncter pode levar, sim, à incontinência urinária. Apesar disso, a principal causa para o aparecimento do problema é o estresse emocional. E apenas menos de 1% dos casos necessitam da implantação de um esfíncter artificial para correção da incontinência”, explica Marcondes.