O Campinarte é independente. Não recebe subvenção de nenhuma prefeitura, governo de estado e muito menos do governo federal. Não somos uma organização não governamental, fundação, associação ou centro cultural e também não somos financiados por nenhum partido político ou denominação religiosa. Não somos financiados pelo tráfico de drogas ou milicianos. Campinarte Dicas e Fatos, informação e análise das realidades e aspirações comunitárias. Fundado em 27 de setembro de 1996 por Huayrãn Ribeiro.

Pesquisar este blog

quinta-feira, 4 de julho de 2019

Guapimirim - O Pantanal Fluminense - Diário do Rio de Janeiro

O Rio de Janeiro também tem um Pantanal pra chamar de seu. E é em Guapimirim, a cerca de uma hora da capital, que fica o Pantanal Fluminense. Uma região da Baía de Guanabara de corpo hídrico serpenteado onde resguardam dezenas de espécies de mamíferos, peixes, crustáceos, répteis, anfíbios, centenas de espécies de aves, além dos animais em extinção, como o jacaré-de-papo-amarelo e as aves biguatinga e marreca-caneleira. É a última área da Baía de Guanabara a apresentar características cênicas próximas ao período anterior à colonização do país.
Tudo isso fica dentro dos 14 mil hectares da APA Guapimirim. Criada em 1984 e gerida pelo Instituto Chico Mendes de Preservação da Biodiversidade (ICMBio) que realiza o trabalho de proteção dos remanescentes de manguezais situados no recôncavo da Baía, assegurando a permanência e a sobrevivência de populações humanas que vivem neste ecossistema. Além de Guapimirim, a APA abrange parte dos municípios de Magé, Itaboraí e São Gonçalo.
O passeio pelas águas, dos rios Guaraí, Caceribu e Guapimirim revela o quanto a região é importante para a sobrevivência da Baía de Guanabara. Os manguezais, a pesca artesanal de robalo, toda riqueza na fauna e flora e o ponto alto do passeio que é a observação do ameaçado de extinção boto-cinza, espécie de golfinho que ainda encontra vida nos fundos da Baía. Na verdade, são símbolos de resistência à violenta degradação da natureza. Na década de 1980, eles eram mais de mil, hoje infelizmente são aproximadamente 30 sobreviventes.
O passeio trás ainda belíssimas paisagens como a contemplação do Mirante do Soberbo, a Serra dos Órgãos e parte das montanhas localizadas na cidade, como o esplendoroso Dedo de Deus, principal cartão-postal guapimiriense e símbolo do montanhismo brasileiro. Além disso, a área tem importância econômica. É de lá que pescadores e catadores de siri tiram seu sustento e podem se inserir economicamente, mas eles aprenderam também, a necessidade e importância de fazer o uso correto e sustentável do lugar.
Nem sempre existiu e funcionou toda essa preservação. Houve um tempo, que os fundos da Baía de Guanabara correram risco. Nos anos 70 e início dos 80, antes da criação da APA, essa região era alvo de desmatamento indiscriminado. Hectares de vegetação de mangue eram arrancados a golpes de facão e levados para as olarias a fim de servirem de lenha para abastecer os fornos. Depois da criação da APA, os mangues tiveram sossego, a natureza fez sua parte e tudo brotou novamente.
Atualmente a APA resiste às ameaças ao seu ecossistema devido aos riscos que trazem as grandes indústrias ao entorno da Baía de Guananabara, como a Refinaria Duque de Caxias (REDUC) e o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (COMPERJ).
A visitação a APA Guapimirim é gratuita e também conta com um percurso a pé, acompanhado de funcionários. Já os passeios aquaviários duram aproximadamente duas horas. Preços e agendamento devem ser negociados juntos aos guias que são pescadores artesanais, treinados pelo ICMBio e habilitados pela Capitania dos Portos. Os barcos costumam ter capacidade de quatro pessoas e possuem colete salva-vidas e as famosas histórias de pescador.