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quarta-feira, 24 de abril de 2024
Museu Vivo do São Bento
Dicas de Etiqueta
Etiqueta social
A etiqueta social pode ser definida como um conjunto de regras de comportamento dentro da sociedade. Tais regras são criadas a partir da prática e das tradições que passam de geração para geração, tornando-se regras claras a serem respeitadas.Por se tratarem de convenções acerca do comportamento humano, cada sociedade irá criar o seu conjunto de regras de acordo com suas vivências e culturas, sendo a etiqueta social, então, algo relativo e historicamente construído. Apesar de diferente em cada lugar do mundo, o conjunto de regras de etiqueta social é considerado sempre uma expectativa social e um dever a ser cumprido, ensinado e preservado.
A etiqueta social está relacionada a diversos aspectos da vida em sociedade: vestimentas, gestos, linguagem corporal e verbal, cumprimentos, etc., podendo ser considerada sinônimo de educação, elegância, cordialidade e respeito.
Se você deseja aprender a portar-se melhor e criar uma boa imagem de si para os outros, confira nossas dicas de etiqueta social e aprenda a agir da maneira mais sofisticada possível.
Etiqueta social – cumprimentos
- Quem chega ao local deve cumprimentar os demais.
- O bom senso deverá determinar se a pessoa oferecerá um beijo ou um aperto de mão – tudo depende do grau de intimidade que se tem com o outro. Em apresentações, oferece-se a mão, sempre.
- Ao dar um aperto de mão, esse deve ser firme e respeitoso: não deve ser feito com a mão flácida e nem forte ao ponto em que chegue a ser dolorido.
- Sorrir e ser amável é essencial em qualquer cumprimento.
- A pessoa mais jovem ou menos influente é sempre apresentada à mais velha e mais influente e nunca o contrário.
- O homem é apresentado à mulher (a não ser que ele ocupe um cargo social mais elevado do que ela, em bailes de gala, premiações, etc.).
- É de bom tom apresentar-se ao anfitrião logo que chegar a um evento, principalmente se você foi convidado por outro convidado.
- A prática de beijar a mão de uma mulher é raramente usada e, quando for, deve ser apenas com as senhoras, nunca com senhoritas.
Etiqueta social – à mesa
Etiqueta social – vestimenta
- Traje esporte – simples e informal. Exemplos: almoços, exposições, churrascos, festas infantis.
- Traje esporte fino – um toque de formalidade. Exemplos: teatros, vernissages.
- Social – formalidade total. Exemplos: jantares, casamentos, óperas.
- Black-Tie – requinte e sofisticação. Exemplos: bailes de gala, premiações.
Regras de convivência
Regras de convivência básicas
Infelizmente, é cada vez mais raro notar em uso regras de convivência como estas. Muitas pessoas, na correria do dia-a-dia, acabam esquecendo quão importante são elas ou simplesmente não as valorizam.
Ao seguir regras como estas é possível criar ambientes e relações mais saudáveis e sem conflitos. Elas podem ser aplicadas no seu trabalho, na sua escola, em sua casa ou em qualquer outro tipo de ambiente e nunca estão fora de moda.
Como dar e receber presentes
Obrigatoriedade em dar presentes?
Porém, o que você não pode deixar de fazer é deixar a data passar em branco. Em épocas de Natal ou Páscoa, por exemplo, que tal apostar em cartões ou mesmo um e-mail personalizado para desejar “Boas Festas” ou “Feliz Natal/Páscoa”?
Tanto quem enviou como quem recebeu se sentirá satisfeito pela lembrança.
Uma dúvida comum é: há necessidade de presentear todos que lhe darão presente? A resposta é não, mas não se esqueça do agradecimento.
Dúvidas sobre como dar e receber presentes são muito mais comuns do que você imagina. Vamos entrar em detalhes:
Como dar um presente?
Isso se torna uma atitude elegante e educada. Mas como presentear envolve uma situação social, algumas regras de etiqueta são necessárias:
Evite a gafe de dar um presente sem embalagem ou etiqueta. Sem isso, a pessoa não poderá realizar uma troca futura (caso for necessário),
Outro ponto importante é evitar presentes muito pessoais, mesmo com pessoas mais íntimas a você. A probabilidade de erro pode ser maior, principalmente sobre a personalidade da pessoa, tamanhos e caimentos – por isso, pense muito antes de comprar alguma coisa!
Um presente deve ser dado com sinceridade, assim como generosidade – dê algum presente que valorize a pessoa que está recebendo,
Entregue o presente de forma educada – não precisa falar sobre o presente em si,
Deixe sempre um cartão (e escreva algo à mão) junto ao presente,
Se escolher um presente é muito complicado, opte por um Gift Card (cartão de presente, chamado também de vale-presente). Entretanto: não o entregue solto – coloque-o em uma caixa ou mesmo dentro de um lindo envelope.
Lembre-se que grau de intimidade, circunstâncias, ocasião, idade e outros fatores influenciam diretamente no modo como você dá um presente.
Como receber um presente?
Algumas dicas de boas maneiras, e para evitar constrangimentos nesse momento, são:
Agradecer o presente, abrindo-o (se for do seu feitio) com delicadeza,
Evite dizer “não precisava” – isso é totalmente desnecessário, e pode ser visto, frequentemente, como sarcasmo.
Nunca (nunca mesmo, por favor) peça o valor do presente a quem está lhe dando!
Não é necessário, e muito menos indicado, exibir o presente aos outros – pode ser visto como um ato de indelicadeza (especialmente se alguém não tenha levado presente),
Você recebeu um presente e ficou surpreso e envergonhado por não ter dado nada em troca? Convide a pessoa para um café ou almoço/jantar ou até mesmo compre um presente para retribuir o que foi dado,
Nunca demonstre que você não gostou do presente – isso é falta de educação!
As dicas de como dar e receber presentes podem ser adotadas em qualquer ocasião que envolva esses atos. Ter boas maneiras é imprescindível para ter boas relações com outras pessoas.
Etiqueta no restaurante japonês
Mesmo com uma culinária mais moderna, a etiqueta no restaurante japonês ainda perdura – mesmo que em idas informais alguns erros possam ser ignorados. Contudo, um bom aprendizado vai evitar que você cometa deslizes – que no Japão seriam considerados imperdoáveis!
Etiqueta no restaurante japonês: dicas e regras importantes!
Você, como brasileiro, deve entender que é importante conhecer as regras de etiqueta no restaurante japonês! Vamos conhecer algumas regras agora:
Toalha (oshibori): assim que você chega ao restaurante, o garçom lhe dará uma toalha para limpar as mãos. A regra é que você a coloque sobre a mesa novamente, sem dobrá-la.
No Japão, o costume é limpar a testa, assim como o pescoço e rosto com ela.
Manipulando o hashi: se você consegue comer com os palitos, sorte sua! Se você não consegue, não se preocupe: não será considerado falta de educação se solicitar por talheres.
Dentro da manipulação do hashi, é fundamental que você:
Evite apontar o hashi para outras pessoas,
Evite gesticular com ele em mãos,
Essas duas primeiras dicas possuem o mesmo motivo: falta de educação. E nem pense em chupar a ponta do hashi também! É grosseiro.
Coloque o hashi em uma superfície (não na mesa – para evitar contaminação) para conversar,
Não crave o hashi em nenhum alimento – isso é muito errado!
Para o budismo, cravar o hashi, por exemplo no arroz, significa que você está oferecendo-o para os mortos. Essa atitude, portanto, só é permitida em templos budistas e xintoístas (são as duas religiões mais proeminentes no Japão) durante orações!
Ao beber saquê: sempre segure o recipiente onde está o saquê com as duas mãos (apoie com a mão esquerda e segure com a mão direita). Se a bebida vier com um pires, não precisa levantá-lo junto.
Outra regra importante é nunca se inclinar à mesa para bebê-lo.
Shoyu: utilizado somente com peixe cru! Coloque uma quantidade pequena de molho para temperar o peixe – não é necessário encher o prato (chamado de nozoki).
Nos alimentos enrolados com algas e arroz, molhe o alimento suavemente em um dos lados apenas!
Barulhos ao comer: em pratos como macarrão ou sopas, é normal (e faz parte da etiqueta no restaurante japonês) que se produza barulhos. Por isso, não se preocupe. Entretanto: arrotar é visto como uma tremenda falta de educação!
Reuniões formais ou informais em um restaurante japonês ditam por bons hábitos e regras. Se você não estiver totalmente confiante e preparado, respire fundo e observe os demais visitantes no local.
Ninguém nasce sabendo todas as etiquetas da culinária japonesa, mas aprender é um ato facultativo (obrigatório em certas situações, vamos concordar) e até mesmo educativo, afinal estamos lidando com uma cultura encantadora e muito diferente da nossa.
Como pedir e degustar vinho no restaurante
Pedir um vinho em um restaurante pode ser algo desconfortável, especialmente para pessoas que não possuem conhecimento suficiente ou mesmo pelo medo. Ocasiões de encontros ou mesmo reuniões de trabalho podem gerar ainda mais ansiedade no momento de pedir vinho.
É claro que se você conhece e aprecia a arte dos vinhos, o problema é nulo. Mas se esse não for o seu caso, saiba como lidar ao encarar o catálogo de rótulos disponíveis na adega do restaurante e evite “micos”.
Pobres mortais e o cardápio interminável de rótulos
Um mito muito difundido é que para um vinho ser bom ele deve ser caro. Errado. A qualidade do vinho não tem relação alguma com o preço – isso vai da procedência da bebida, tipo e ano da safra utilizada para fabricar o vinho, armazenamento e o próprio engarrafamento.
Se existe a vontade de solicitar um vinho no restaurante entenda o correto modo de pedir e degustar vinho no restaurante sem precisar sorrir amarelo e pedir ajuda ao sommelier.
Como pedir vinho no restaurante?
Você pode analisar atentamente a carta de vinhos – se precisar, peça outras informações ao sommelier (é o trabalho dele, afinal das contas), tais como os produtores e safras dos vinhos que lhe interessou.
Caso o medo seja grande, o sommelier pode orientá-lo sobre um vinho que atenda ao seu gosto (e claro ao seu lado financeiro), assim como com o cardápio e gosto dos demais presentes (se houver).
A garrafa solicitada será mostrada pelo garçom, que deverá abri-la somente após o seu consentimento – e notar se a safra e o vinho estão certos.
A partir disso, chegará a hora em que você precisará degustar o vinho antes de ser aceito!
Como degustar vinho no restaurante?
Antes do pequeno gole que você deverá tomar para checar a qualidade do vinho (se ele não está com defeitos), há ainda outro detalhe importante: a rolha. A rolha comprova se a garrafa foi guardada de maneira correta (na horizontal) ao estar úmida. Você pode cheirá-la para garantir que a pedida está em perfeitas condições!
Deixe o sommelier colocar um pouco de vinho em sua taça para que você prove. Siga as dicas abaixo e mostrar que você sabe o que está fazendo:
- Aproxime a taça do nariz e cheire a bebida – isso fará com que você sinta os aromas inicias do vinho,
- Em seguida, rode a taça com delicadeza e cheire novamente – o movimento fará com que o vinho libere odores secundários,
- Incline a taça (em torno de 45 graus) contra a luz do restaurante e verifique a cor e o corpo do vinho,
- Agora você pode prova-lo.
O modo de pedir e degustar vinho no restaurante não precisa ser uma situação assustadora. Aproveite o momento sem mais preocupações – você fez uma boa escolha e pode ficar orgulhoso disso!
Regras na visita ao recém-nascido
Esperar por nove meses para ver o rosto do bebê pode causar ansiedade para as futuras mamães, especialmente pelo desejo de aproximação e adaptação urgente que todas sentem ao vê-lo de perto pela primeira vez.
Assim como os próprios pais, o restante da família e amigos podem planejar visitações para conhecer o mais novo membro da família – e por isso, não se organizam e não impõe regras na visita ao recém-nascido!
Para tanto, é essencial que os pais criem regras para as visitas – afinal, um recém-nascido não é um objeto decorativo ou atração turística. Exige cuidados e todos os visitantes devem estar atentos a algumas dicas e regras!
Bom senso e sensibilidade na visita ao recém-nascido
Normalmente, contudo, a primeira visita ao recém-nascido pode ocorrer ainda na maternidade – algumas mães até preferem, graças à praticidade de ter enfermeiras disponíveis para dar suporte aos cuidados e necessidades do bebê!
Além disso, limpar e organizar a casa pode ser exaustivo para os recentes pais.
É claro que alguns pais acham que conhecer o bebê nesse momento é muito cedo e preferem um momento mais íntimo no conforto do lar. Por isso, se você já está ansiando em visitar um recém-nascido de alguém conhecido ou da família, pergunte. Respeitar a decisão dos pais é inteligente e educado.
Algumas famílias já pedem para que as visitas aconteçam após umas duas ou três semanas. Nesse tempo, ligue para a família antes de aparecer sem avisar!
Essa é somente uma das regras na visita ao recém-nascido!
Regras de etiqueta na visita ao recém-nascido
Um exemplo é em relação ao tempo de permanência do visitante: saiba que os pais precisam de descanso – cuidar do bebê exige tempo, dedicação e esforço. Por isso, uma dica é ficar no máximo 20 minutos!
Lembre-se destas outras regras na visita ao recém-nascido que você terá pela frente e evite qualquer inconveniente ou situação constrangedora com os pais:
- Tenha os cuidados básicos de higiene: o bebê ainda não possui um sistema imunológico fortalecido para combater qualquer contaminação por vírus e bactérias. Se quiser pegá-lo no colo, lave as mãos e os braços. Evite beijá-lo.
- Não aperte o bebê: isso pode incomodá-lo e machuca-lo.
- Cuidado ao fotografar o bebê: se você quiser guardar de recordação uma foto, evite usar o flash. Se a luz já é desconfortável para olhos adultos, imagine para um recém-nascido!
- Não fume (isso vale também horas antes da visita): o material tóxico do cigarro pode fazer com que o recém-nascido tenha maior probabilidade de contrair uma pneumonia, por exemplo, entre outras complicações de saúde.
- De preferência, evite passar perfume: o olfato do recém-nascido é sensível demais. O cheiro forte pode causar alergias, por exemplo.
- Desligue o celular durante a visita (ou, pelo menos, coloque-o no silencioso): o barulho dos celulares pode ser estressante ao recém-nascido.
- Você está doente? Nem pense em visitar o recém-nascido! Essa é uma regra inquebrável. Qualquer doença infecciosa e contagiosa pode passar para o bebê e até mesmo para a mãe, já que seu próprio sistema de defesa está frágil.
Mesmo com todas as regras na visita ao recém-nascido, saiba que você não pode ficar chateado com as exigências dos pais. Eles precisam comunicar e manter em mente a necessidade do filho em primeiro lugar, assim como todos os cuidados com a saúde e bem-estar da mãe.
Netiqueta: O que é?
Para promover essas regras, montamos um guia com algumas regras básicas de netiqueta e uma breve explicação do que é netiqueta.
Netiqueta – mensagens
Evite escrever em letras maiúsculas
Evite escrever em outra língua
Divida seu texto em blocos
Mande e-mails em cópia oculta
Netiqueta – fóruns e redes sociais
Respeite as regras do grupo
Procure antes de perguntar
Não repita mensagens
Seja educado e respeitoso
Evite escrever mensagens acaloradas
Netiqueta e o falso anonimato da internet
Nunca devemos esquecer que o contato feito via web é sempre recebido por outra pessoa e não simplesmente por uma máquina. Direitos civis e privacidade devem ser respeitados em qualquer lugar, inclusive na web. A máxima de “faça para os outros o que você deseja que façam para você” nunca foi tão necessária em nosso tempo.
Atente-se para a maneira que você se porta na internet para que ela seja um espaço de aprendizado, compartilhamento saudável e boas relações.
Escritores Brasileiros / Resumos e Contos / A Cartomante
O conto “A cartomante”, publicado originalmente na Gazeta de Notícias (Rio de Janeiro), em 1884, só posteriormente foi incluído no livro Várias histórias, no qual apresenta 16 contos, sendo alguns deles considerados obras-primas do gênero.
A obra pertence à fase de maturidade do autor, ou seja, nela são expressas as ideias realistas do momento, somadas ao tom pessimista, à ironia e forte crítica à sociedade de então, características marcantes em Machado de Assis.
Resumo da obra
O conto apresenta de forma bem marcada as três partes fundamentais da narrativa:
Introdução
Embora a história já se inicie durante o relacionamento adúltero entre Rita e Camilo, o narrador, após alguns parágrafos, apresenta em flashback o início dessa relação, quem são os personagens envolvidos, como se conheceram etc.
Ao final desse flashback o narrador nos conta que Camilo recebera uma carta anônima que afirmava que a aventura dos amantes já era conhecida por todos.
Camilo decide, então, rarear suas visitas à casa de Vilela. Essa decisão é ignorada por Rita que, insegura, passa a frequentar uma cartomante em busca de respostas. Essa cartomante, por fim, acaba por restituir-lhe a confiança (início da narrativa).
Desenvolvimento
Camilo ainda recebe mais duas ou três cartas anônimas. Rita assegura-lhe que deveriam ser de algum pretendente enciumado, mas ficará alerta se alguma carta daquele tipo fosse endereçada à sua casa. Passado um tempo, Camilo recebe um bilhete curto e imperativo de Vilela: “Vem já, já, à nossa casa; preciso falar-te sem demora.”
Pressente um drama: o marido descobrira tudo e o caso seria de morte. Assustado, com medo, dirige-se à casa de Vilela. Porém, durante o trajeto, seu tílburi fica parado bem em frente à casa da cartomante.
Depois de muito hesitar, por estar inseguro e ansioso, Camilo decide consultá-la. A cartomante assegura-lhe que nada de mal acontecerá aos amantes, pois o “terceiro” a tudo ignora. Camilo, confiante e tranquilo, parte para a casa de Vilela.
Desfecho
Ao entrar na casa de Vilela, encontra o amigo com “as feições descompostas” e, assombrado, vê Rita, morta e ensanguentada. Em seguida, recebe dois tiros de revólver e cai morto ao chão.
Gênero do texto e forma de expressão literária
Gênero: narrativo, visto que narra os acontecimentos da vida dos personagens durante um determinado período, incluindo representações do mundo cotidiano mais individualizado e pessoal.
Subgênero: conto, por se tratar de uma narrativa mais curta, centrada em um episódio específico da vida dos personagens.
Forma de expressão literária: prosa, pois o texto foi escrito sem divisões rítmicas intencionais e sem grandes preocupações com métrica, rimas, aliterações e outros elementos sonoros.
Tema e ideias transmitidas
Embora a temática do adultério seja bem clara no texto, em uma leitura mais atenta percebe-se que o conto prioriza a questão da contradição humana, por meio do embate razão X emoção, ceticismo X credulidade.
Desde o início, o narrador ressalta o perfil cético, racional e prático do personagem Camilo em relação “às coisas do além”, quando de suas críticas à inocência de Rita ao acreditar em cartas, cartomantes e destino.
Porém, ao se deparar com uma situação que o fragiliza, causando-lhe medo e insegurança, o antes convicto “homem sério” não só busca amparo e serenidade nas cartas, como acaba por acreditar piamente em seu veredicto, partindo de peito aberto para os dois tiros que o esperavam.
O narrador, mesmo apresentando Camilo como homem que desdenha a credulidade de Rita, ao longo do conto lança vários comentários que podem antecipar os acontecimentos. No entanto, tais passagens, por serem muito sutis, talvez passem despercebidas pela maioria dos leitores, mas demonstram o espírito fraco de Camilo.
“Camilo preferiu não ser nada, até que a mãe lhe arranjou um emprego público.”
“Camilo era um ingênuo na vida moral e prática. Faltava-lhe tanto a ação do tempo, como os óculos de cristal, que a natureza põe no berço de alguns para adiantar os anos.
Nem experiência, nem intuição.”
ASSIS, Machado de. “A cartomante”. In: Várias histórias.
A falta de experiência e a negação de sua intuição acabam por traçar-lhe o fim trágico.
A grande jogada do texto se dá na medida em que a citação de Shakespeare em Homlet dá o tom da narrativa, pois não só a inicia, como retoma ao texto por duas vezes (na fala de Rita e na memória de Camilo) e justifica o desfecho.
Afinal, quais seriam essas coisas que existem entre o céu e a terra que nem nossa filosofia pode sonhar? A contradição humana? A credulidade no invisível? A racionalidade que cega? As grandes paixões? O inesperado das situações?
Nem Shakespeare ousaria responder…
Análise da obra
O conto é interessante, principalmente, por apresentar um anticlímax, ou seja, o desenrolar da narrativa aponta para um determinado desfecho, mas somos surpreendidos pelo oposto da situação anunciada. Muito desse efeito é produzido por um perspicaz narrador onisciente, que manipula a narrativa, os personagens e o leitor.
Mesmo se tratando de uma narrativa curta, o texto apresenta quase todas as marcas estilísticas machadianas: a metalinguagem, a intertextualidade, a paródia, o humor cáustico e permanente, a ironia sutil e a personificação.
O recurso das digressões, tão presente em seus romances, é aqui ignorado em razão da concisão do texto.
A partir de uma citação shakespeariana, o autor inicia o conto utilizando o recurso da intertextualidade: ‘‘Hamlet observa a Horácio que há mais coisas no céu e na terra do que sonha a nossa filosofia”. Mas esse recurso configura-se uma armadilha para o leitor, pois, à primeira vista, parece se refenr somente à fala ingênua de Rita: “Foi então que ela, sem saber que traduzia Hamlet em vulgar, disse-lhe que havia muita cousa misteriosa e verdadeira neste mundo”. No entanto, ao final, o que está em jogo é o comportamento imprevisível do próprio Camilo que, com medo e já desesperado, procura a cartomante, negando todo seu ceticismo e, ao sair, crédulo, feliz e despreocupado, encaminha-se para a morte.
Quando numa obra somos levados a refletir, junto com o narrador, sobre a própria escritura da linguagem literária, estamos em plena atividade metalinguística. A partir desse recurso passamos da posição de leitor passivo para a de leitor incluso, ou seja, aquele com o qual o narrador estabelece diálogos sobre o seu fazer literário, afastando-se nesses momentos de aspectos exclusivamente do enredo: ‘‘Vilela, Camilo e Rita, três nomes, uma aventura e nenhuma explicação das origens. Vamos a ela”.
Nesse momento de “conversa com o leitor” o narrador, além de comentar que ainda não havia narrado o passado dos três personagens envolvidos, alerta-o que agora irá fazê-lo e convida-o para acompanhá-lo.
A partir daí a narração, que se mostrava cronológica e linear, será interrompida por um flashback que ocupará sete parágrafos, iniciando-se após o trecho “Vamos a ela” até o final do parágrafo “Um dia porém, recebeu Camilo…”.
O uso da personificação (atribuição de sentimentos, ações humanas a seres inanimados ou a conceitos abstratos) no relato enriquece o texto e aproxima o leitor da cena, uma vez que esta concretização do abstrato garante uma compreensão “visível” do que se quer demonstrar. Nas seguintes passagens o uso da personificação é recorrente:
“… era a ideia de ouvir a cartomante, que lhe passava ao longe, muito longe, com vastas asas cinzentas; desapareceu, reapareceu, e tornou a esvair-se no cérebro; mas daí a pouco moveu outra vez as asas, mais perto, fazendo uns giros concêntricos…”
“A casa olhava para ele.”
“… o mistério empolgava-o com as unhas de ferro”
“… onde a água e o céu dão um abraço infinito.”
ASSIS, Machado de. “A cartomante”. In: Várias histórias.
Conclusão
Machado de Assis, no conto A cartomante, constrói um narrador que se coloca de maneira superior em relação aos personagens e, ao mesmo tempo, filtra a visão que se possa ter dos mesmos, ou seja, manipula tanto os personagens como os leitores.
O mestre Machado interessa-se pelas contradições humanas e pela sondagem dos sentimentos e ideias íntimas de seus personagens. Sendo assim, os acontecimentos e o cenário só terão relevância, caso provoquem reações psicológicas e comportamentais nos personagens envolvidos na trama.
Por: Paulo Magno Torres
terça-feira, 23 de abril de 2024
Dia de São Jorge / 23 de abril
Ícone de São Jorge, Museu Cristão-Bizantino, Atenas |
Brasão de Armas de Moscou, cidade que tem São Jorge como Padroeiro. |
Disseminação da devoção a São Jorge
Castelo de São Jorge, Lisboa
Padroeiro da Inglaterra
Posteriormente, pelas reformas do Papa Paulo VI, São Jorge foi rebaixado a santo menor de terceira categoria (segundo hierarquia católica), cujo culto seria opcional nos calendários locais e não mais em caráter universal. No entanto, a reabilitação do santo como figura de primeira instância, e arcanjo, lembrando a figura do próprio Jesus Cristo, pelo Papa João Paulo II em 2000, conferiu nova relevância a São Jorge. Atualmente, haja vista a grande popularidade e apelo turístico de festas como a escocesa St. Andrew's Day, a irlandesa St. Patrick's Day e mesmo a galesa St. Dave's Day, têm-se formado grande iniciativa de setores nacionalistas para que o St. George's Day volte a gozar da mesma popularidade entre os ingleses como antigamente.
Padroeiro de Portugal /
Padroeiro da Catalunha /
Lenda do dragão e da princesa
Imagem do santo localizada na Igreja de São Jorge no Centro do Rio de Janeiro
Referências
2. SPENSER, Edmund. Fierce Wars and Faithful Loves. [S.l.]: Cannon Press, 1998. ISBN 978-1-885767-39-4 página=196.
3. "St. George". Catholic Encyclopedia. (1913). New York: Robert Appleton Company.
4. Sobre imagens de São Jorge
5. Ashmole, Elias, The History of the most Noble Order of the Garter: And the several Orders of Knighthood extant in Europe. A Bell; E.Curll; J.Pemberton; A Collins; W.Taylor; J.Baker, London 1715
6. Bishop Percy's folio manuscript: loose and humorous songs ed. Frederick J. Furnivall. London, 1868
7. The Golden Legend or Lives of the Saints. Compiled by Jacobus de Voragine, Archbishop of Genoa, 1275. First Edition Published 1470. Englished by William Caxton, First Edition 1483, Edited by F.S. Ellis, Temple Classics, 1900 (Reprinted 1922, 1931)
8. Fundação Cultural do Estado da Bahia, Cultos Afro, Orixás, Festa para Oxossi, o Rei de Ketu [em linha]
9. Santos, Georgina Silva dos.Ofício e sangue: a Irmandade de São Jorge e a Inquisição na Lisboa moderna.Lisboa: Colibri; Portimão: Instituto de Cultura Ibero-Atlântica, 2005