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terça-feira, 19 de maio de 2020

Violência / Por - Huayrãn Ribeiro



Gosto de violência. Não vivo sem violência. Violência na TV, nos jornais, nas ruas, eu como e bebo violência. Talvez goste de violência porque fui condicionado a gostar de violência ou quem sabe goste de violência pela própria natureza. Hipocritamente reclamo da violência, mas na primeira oportunidade me delicio com notícias de violência. Cresci sendo acalentado com músicas que falavam de violência: “boi, boi, boi da cara preta, pega esse menino que tem medo de careta”. Até nas brincadeiras de roda das meninas louvava-se a violência: “atirei o pau no gato, mas o gato não morreu...”. Nada mais violento que desenho animado, e como eu adorava o Pica-pau, Tom e Jerry e outros violentíssimos mestres da violência infantil, criados para estimular a violência que gerava (e continua) gerando mais e mais violência. Posso não praticar nenhum tipo de violência explícita, mas não consigo viver sem violência. Não consigo viver sem ouvir falar de violência, sem ouvir alguém cantar violência, não consigo viver sem ver alguém representar violência. São tantas as formas de violência, o cardápio é variado e pelo visto a fonte é inesgotável. A única coisa que não pode acontecer é uma virada de mesa. Aparecer algum metido a iluminado e querer arrancar de mim a coisa mais preciosa de todas – a violência. Com certeza seria o ato de maior violência que poderia acontecer na minha vida: acabarem com a violência.
Observatório Comunitário: Violência