Algumas pessoas me pediram para que eu escrevesse algo sobre as nossas festas religiosas...
Sem querer ser um estraga prazer, eu posso afirmar que as nossas festas religiosas acabaram.
A sensibilidade do povão não está mais voltada para esse tipo de evento. Claro que você ainda vê muitas manifestações pelo Brasil, mas sem as suas principais características, totalmente modernizadas, hoje desfilam diante do público sem o mínimo de respeito as tradições da determinada manifestação.
A falta de conhecimento e desonestidade de quem promove, por exemplo, festa junina, é flagrante. Chega a ser um absurdo as mudanças promovidas em eventos como a Festa do Dia de São João, a começar pelo principal, as músicas.
Outra coisa - você encontra normalmente nesses arraiás, refrigerantes e sanduiches tipicamente americanos, tipo, Coca-Cola, hamburguer, cachorro-quente e pra matar de vez, a festa é animada pelo ritmo do Funk. Vejam, é uma combinação que toma conta de todos os arraiás em todo o país.
Há bem pouco tempo, lá no nordeste, os músicos de forró, os trios tradicionais dessas festas, estavam reclamando porque ficaram barrados. A organização preferiu contratar bandas de Axé, Rock, MPB, e outros, menos os músicos que deveriam ali estar, músicos que tocam o que há de mais autêntico em Festas Juninas
Esse ano tem um agravante - a pandemia - Forçou a suspensão de todas as Festas de São João pelo Brasil a fora.
As Festas de São João que já não estavam bem das pernas, esse ano bateu de frente com o coronavírus. Agora você soma Coca-Cola mais Funk e mais uma série de outras aberrações nessas Festas de São João, o resultado é que você vai ficando a cada ano mais distante de uma tradicional festa religiosa, e olha que eu só tratei até aqui da parte profana.
Ainda falando da movimentação para essa Festa de São João, quem mora (ou quem morou) em Nova Campinas vai se lembrar do número de festas e o número de quadrilhas que tínhamos no conjunto, e hoje? Cadê as festas? Cadê as quadrilhas? Acabaram!
Hoje o morador (mesmo que quisesse) realizar uma festinha na sua própria rua, estaria completamente impossibilitado por causa da atuação do tráfico de drogas.
Só sei dizer que eu, ainda garoto, peguei o finalzinho desse tipo de festa, tanto na escola, como na rua em que eu morava. Dancei quadrilha, soltei balão, tomei quentão, pulei a fogueira, participava daquelas brincadeiras nos arraiás como pescaria, era preso naquelas cadeias e comia comidas típicas da festa.
Infelizmente esse tempo não volta mais, mas está tudo na lembrança, qualquer dia desses eu vou me dedicar mais a este tema.