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terça-feira, 10 de outubro de 2023

Igreja de Nossa Senhora do Pilar

 A Freguesia e Igreja de Nossa Senhora do Pilar do Aguassu, Morabahi e Iaguaré

No período colonial da história do Brasil, as Freguesias constituíam-se como divisões eclesiásticas, correspondendo a uma área sob a administração da Igreja Católica, sendo os seus limites estabelecidos a partir de pontos geográficos.

A nossa Freguesia de Nossa Senhora do Pilar do Iguassu foi instituída entre os anos de 1612 e 1629 e seu território era constituído a partir do rio Iguaçu, seguindo para as terras do Couto, que hoje abrigam Xerém, quarto distrito de Duque de Caxias, subindo para Petrópolis e incluindo também, as áreas de Saracuruna e Cangulo.

Câmara e Prefeitura juntas no prédio da Av. Rio-Petrópolis

Ali, no alto do morro do Cangulo, já existia uma capela com orago dedicado a Nossa Senhora das Neves, com data de construção de 1612 e que ficava próximo ao rio e porto do Cangulo, estando a sete quilômetros de distância daqui… do porto do Pilar.

Aquela capela de Nossa Senhora das Neves acabou se tornando uma referência quando a Freguesia do Pilar foi instalada. Com o desabamento da capelinha dedicada a Nossa Senhora das Neves, outra igreja foi erguida às margens do rio Pilar.

De acordo com Monsenhor Pizarro, visitador pastoral que representava o bispo do Rio de Janeiro e fiscalizou nosso território da Baixada do Iguaçu no ano de 1794, a futura Matriz da Freguesia de Nossa Senhora do Pilar estava sendo construída somente a partir de 1697, sendo Manoel Pires e sua mulher Catherina de Sene, os doadores do terreno para a construção desta igreja e do cemitério. O templo contou com a contribuição financeira dos fregueses, dos viajantes, do Vigário e da Fazenda Real. A obra do templo foi finalizada no ano de 1726, sendo o prédio religioso construído na Estrada Velha do Pilar, próximo ao canal do Rio Pilar, afluente do Rio Iguaçu, aberta para o transporte do ouro entre as Minas Gerais e o Rio de Janeiro.

Esse mesmo casal fez novas doações de terrenos para a Irmandade de Nossa Senhora do Pilar que, como proprietária, destinou-os para arrendamento a alguns fregueses, formando dessa maneira, ao redor da Igreja, o arraial do Pilar. Mais tarde, o ancoradouro do rio Pilar serviu de ponto de escoamento do ouro que descia a serra da Estrela, pelo Caminho Novo de Garcia Pais, aberto a partir de 1699.









A Igreja de Nossa Senhora do Pilar começou a ter uso para servir de Matriz da Paróquia depois de benzida pelo Provisor Thomé de Freitas da Fonseca no ano de 1697, possuindo então quatro irmandades: a do Santíssimo Sacramento, a de Nossa Senhora do Pilar, a de São Miguel e Almas e a de Nossa Senhora do Rosário, esta que, mais tarde, foi anexada à confraria de São Benedito. Como Matriz, possuía três capelas filiais: a primeira capela de Nossa Senhora das Neves; a capela de Santa Rita da Posse, que pertencia ao Engenho da Posse, em Xerém; e, a capela de Nossa Senhora do Rosário, nas proximidades do rio Saracuruna.

A Igreja de Nossa Senhora do Pilar do Aguassu foi construída em um terreno um pouco acima da Guarda do Pilar e media aproximadamente 186,08 metros, da porta principal até o arco do altar-mor; 12,44 metros de comprimento; e, 7,77 metros de largura. Com arquitetura externa simples, tendo uma torre sineira coroada por uma cúpula octogonal, o templo foi constituído como um corpo único, com a sacristia ou presbitério construído em gamela e um pouco mais baixo que a nave, sendo a cobertura de madeira com tirantes.

 

Câmara e Prefeitura juntas no prédio da Av. Rio-Petrópolis

Altar mor – 1939 – Fonte: Arquivo Noronha Santos

Segundo o catálogo Devoção e Esquecimento, Monsenhor Pizarro descreve, no livro Memórias Históricas do Rio de Janeiro – através das visitas pastorais de 1794, os altares e as imagens das igrejas do recôncavo da Guanabara.

Sobre a Igreja de Nossa Senhora do Pilar do Aguassu, consta que tinha cinco altares. No maior, estavam colocados a imagem de Nossa Senhora do Pilar, a Padroeira, e o Sacrário. Do lado direito, a partir da entrada, o primeiro de devoção a Santana Mestra e o segundo, de São Miguel Arcanjo; no lado esquerdo, o primeiro de devoção a Nossa Senhora da Conceição e o segundo, de Nossa Senhora do Rosário. Todos os altares eram de madeira entalhada e dourada, menos o de São Miguel, que ainda estava por dourar.

Completamente diferentes entre si, apresentavam características perfeitas do barroco joanino, com fortes traços do barroco mineiro. Imagens constantes da Igreja Matriz: Santo Crucifixo, Senhor dos Passos, São Francisco, São João, Senhora da Conceição, Espírito Santo, Santa Ana, São Joaquim, São José, Menino Deus. Sobre as Irmandades, Monsenhor Pizarro ainda coloca que havia quatro: do Santíssimo; da Senhora do Pilar; da Senhora do Rosário; e, de São Miguel e Almas. Além destas, havia ainda a Confraria de São Benedito, anexada à Irmandade de Nossa Senhora do Rosário.

Considerada um bem de excepcional valor, a Igreja Matriz de Nossa Senhora do Pilar do Iguassu é um importante marco da história da nossa região. Tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional desde 1938, deve ser considerada como Patrimônio Histórico da Baixada, recebendo os cuidados e ações de preservação que merece como Patrimônio da Fé, mas também como marco da memória histórica e da identidade cultural de nossa região.

Câmara e Prefeitura juntas no prédio da Av. Rio-Petrópolis

Retábulo de Sant’Ana Mestra – 1939.

Câmara e Prefeitura juntas no prédio da Av. Rio-Petrópolis

Retábulo de São Miguel – 1939.

Câmara e Prefeitura juntas no prédio da Av. Rio-Petrópolis

Retábulo de Nossa Senhora da Conceição – 1939.

Câmara e Prefeitura juntas no prédio da Av. Rio-Petrópolis

Retábulo de Nossa Senhora do Rosário – 1939.

 

 

 

 

 

 

 

 











Endereço: Igreja Nossa Senhora do Pilar – BR040, KM 26, Estrada Rio-Petrópolis, Bairro Pilar, 2º distrito, Duque de Caxias. 

Construção: 1697-1726

Tombamento: Processo nº160-T, inscrição nº76, Livro Belas Artes, Fls. 14, 25 de maio de 1938.

Por: Profª Ms Elaine Gusmão & Profª Drª Tania Amaro