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terça-feira, 10 de junho de 2014

Campinarte Huayrãn Ribeiro / A solução está dentro do problema

Eu sempre defendi (de certa forma) o pequeno comércio porque entendo que é este segmento que dá um caráter de civilidade, gera emprego e renda para as comunidades. É o pequeno comerciante com a sua padaria, o seu bazar, o seu açougue, farmácia, bar, lanchonete, mercado, a barraquinha de doces, a barbearia, oficina mecânica, o serralheiro, sapateiro, enfim, sem este segmento a vida nas comunidades seria terrível. Se não fosse a presença do pequeno comércio nas comunidades seria a mesma coisa que uma comida sem sal, sem tempero.
O comércio dá vida porque além de atender as necessidades do dia a dia das comunidades tem o poder de agrupar pessoas, juntar pessoas. Na mesa de um bar, por exemplo, discute-se tudo, na fila do pão “na padaria do seu Manoel”, as pessoas se reencontram e trocam idéias sobre os fatos da semana, o que está acontecendo no bairro, na política, no futebol (futebol então, minha nossa haja papo).
Se o leitor parar e prestar bem atenção no comércio do seu bairro vai constatar um fato: a maioria dos funcionários é da própria comunidade. Isso é positivo tanto para o funcionário como para o proprietário. Trabalha perto de casa, almoça em casa, não tem motivo para chegar atrasado e muitas e muitas outras vantagens para ambos.
Mal comparando, o pequeno comércio é como o boi, não sabe a força que tem principalmente porque se trata de uma classe desunida. Mas, outros segmentos (mais unidos) sabem e muito bem a importância que tem o pequeno comércio. Tanto sabem que a primeira providência do tráfico de drogas para uma demonstração de força e poder para dominar uma comunidade é tomar o comércio. Quando morre um deles, para que todos saibam quem é que está no comando da situação, eles MANDAM fechar o comércio em sinal de luto, e depois de fechado, só será reaberto quando eles mandarem.
O pequeno comércio sempre foi o principal alvo para os interessados em dominar uma determinada comunidade. O mesmo acontece com os políticos.
Nas campanhas usam as pequenas lojas nas comunidades como se fossem seus comitês distribuindo apertos de mão, sorrisos, santinhos etc. Depois de eleitos mandam seus fiscais corruptos extorquirem em “nome da lei” o pequeno e o médio comerciante, além é claro, de uma montanha de impostos.
Eu poderia citar também a ação de ladrões, padres e falsos padres, pastores e falsos pastores, diretores e falsos diretores de casas beneficentes e outros vigaristas com suas listinhas que abordam o comércio de quando em quando para pedir ajuda ou levar vantagem, mas vou deixar para outra ocasião.

Escolas profissionalizantes nas comunidades para atender as pequenas e as médias lojas comerciais

O pequeno comércio sofre com a falta de qualificação profissional.
Seria muito mais interessante para as comunidades a qualificação de mão-de-obra para atender o pequeno e médio comerciante nas comunidades. Qualificar o rapaz ou a moça para ser açougueiro, padeiro, vitrinista, recepcionista, balconista, cozinheiro, garçom, esses jovens teriam na própria comunidade no mínimo a oportunidade de um estágio. Penso que se os nossos governantes dessem um pouquinho de atenção a este segmento tão importante para as comunidades chegariam a esta mesma conclusão: qualificar profissionais para as pequenas e médias lojas comerciais. Esses “centros de qualificação” poderiam ser nas próprias comunidades utilizando através de uma campanha séria, profissionais (aposentados) dos próprios bairros. Espaço físico é que não falta nas comunidades, pois existem associações de moradores, igrejas, salões de festas, etc.
Investir no pequeno e no médio comércio, com certeza, seria uma excelente alternativa para uma questão, SÉRIA, que até agora quase nada foi feito pelos governantes, o desemprego.
Trata-se de um investimento barato de retorno garantido para todos. O que falta é visão e/ou vontade política.
Eu costumo dizer que a solução está dentro do problema. Se o pequeno e o médio comerciante sofrem com a falta de mão-de-obra qualificada, se existe um problema chamado desemprego, a criação de centros profissionalizantes nas comunidades para atender as próprias comunidades, no momento, seria de fundamental importância.
O governo daria o suporte e a comunidade faria o resto.