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terça-feira, 19 de maio de 2020

A criança que vê TV testemunha milhares de assassinatos e milhões de atos de agressão por dia


Cabe aos pais e professores minimizar o heroísmo estimulado por filmes e pela TV para não banalizar a morte. Crimes cometidos por menores de 13 anos têm aumentado e muito. São crianças que levam armas para escola, atacam, ferem ou matam colegas e cometem abuso sexual contra os mais novos. Uma cultura como a nossa atual, que estimula a competição e mostra em filmes que se pode matar para conseguir o que se quer, só pode aumentar a confusão mental dessas crianças. Por que não incentivar o uso de brinquedos e jogos educativos ao invés de armas? É fundamental conversar com a criança. Mostrar que o ideal de herói que mata todo mundo é bobo e irreal e que armas não são símbolos de força ou status, mas sim objetos fatais.
No mundo inteiro crianças apontam como seu maior modelo de comportamento os heróis de filmes de ação. Os heróis violentos ficam bem à frente na preferência infantil, vindo antes dos astros internacionais e músicos, líderes religiosos ou políticos. A TV domina a vida das crianças em todo o mundo. Elas dedicam, em média, 50% a mais de seu tempo à TV do que qualquer outra modalidade. A mídia propaga em todo o mundo a idéia de que a violência é normal e compensa. Assim, com a banalização da violência, as crianças passam a ter referenciais distorcidos.
A criança mediana que vê TV com certeza testemunha milhares de assassinatos e milhões de atos de agressão por dia. Evidentemente que a violência televisiva está entre os diversos fatores sociológicos que contribuem para a violência na sociedade, até porque as crianças como foi dito, passam mais horas diante da TV do que na escola, por exemplo.
Assistir a novelas promove vários tipos de comportamento anti-social nas crianças, incluindo falar mal dos outros, tagarelar, espalhar boatos, criar rivalidade e intimidar verbalmente. Existe sim uma ligação significativa entre assistir na TV a tais agressões indiretas e o comportamento anti-social dos adolescentes. As piores novelas mostraram em média 14 cenas em que se falava mal de outros num período de apenas uma hora. Retratar a agressão indireta de modo constante e incessante como se fosse justificada, atraente ou recompensadora dá mau exemplo aos jovens.
Tais seriados são escritos visando atingir o coração e a mente dos telespectadores. Os escritores procuram situações para tocar a vida das pessoas. E ficam desapontados, se suas apresentações não produzirem lágrimas na audiência pelo menos três vezes por semana. Milhões de mulheres e homens de todas as idades, raças e formações raramente perdem a sua novela favorita. Esses incluem operários comuns, bem como profissionais abastados, entre estes juizes, governadores e até presidentes. No Brasil, as telenovelas constituem uma influência dominante não só durante o horário nobre, mas também no horário da tarde.
Para a maioria dos telespectadores os personagens tornam-se reais e eles se preocupam de verdade com eles. Alguns espectadores até mesmo falam com a tela, num esforço de aconselhar seus personagens prediletos! Como disse certo terapeuta, os personagens tornam-se realmente um circulo de amigos. É esse aspecto sedutor um perigo sutil. Tais programas há muito vêm corrompendo a família. O que têm mostrado as pesquisas e as experiências? Que a novela é o mais poderoso entretenimento quer da televisão quer de outras fontes.
Outra coisa são os jogos de computador. Cada vez mais recheados de violência atraindo legiões de adeptos que se deleitam com sangue e partes do corpo espalhados pela tela do computador. Se depender dos usuários quanto mais sangue melhor. Podemos encontrar jogos em que é muito comum uma matança indiscriminada, batalhando contra dezenas de participantes pela Internet em duelos chamados de jogos de morte. O mais interessante é que os pais assistem a tudo isso e nada fazem, e em muitos casos, também jogam junto com os próprios filhos.
Tem-se notado que os filhos de bons leitores seguem o exemplo dos pais. Visto que as crianças têm grande capacidade de aprendizagem, é bom estimular o interesse delas pela leitura mesmo antes de conseguirem identificar as vogais. Por exemplo, podem-se ler histórias para elas a fim de ajudá-las a desenvolver a imaginação. Sentem-se juntos.. . Deixem-nos virar as páginas, interromper quando quiserem e fazer perguntas. . . . Peça-lhes que conversem com você sobre os objetos e os personagens que aparecem na história. Responda a todas as perguntas. . . . Relacione o livro à vida dos filhos.
Testes de aptidão feitos por jovens vestibulandos mostram definida queda na habilidade de usar a língua. Esta tendência, segundo se pensa, é principalmente devida à falta de concentração na leitura e comunicação na vida escolar inicial. Um dos principais culpados é a televisão. Para muitas crianças [a televisão] substituiu, em grande parte, a leitura em voz alta, boa dose de atividade física junto com outras crianças e a conversação, a comunicação, implícita em se lidar com outros, e o uso da própria imaginação da criança em criar sua própria diversão. Invariavelmente, as crianças que apreciam a leitura e usam bem a linguagem são aquelas que, desde sua infância inicial, ouviram seus pais lerem, e onde não se permitiu que a televisão substituísse a leitura e a comunicação.
O leitor não acha que já está passando da hora de dar um basta a esta situação? O leitor não acha que já está passando da hora para uma reflexão séria sobre esses filmes, a TV, esses jogos de computador? O leitor não acha que já está passando da hora?