Eu não fico mais alegre com a chegada
das festas de Momo, muito pelo contrário, sempre que o Carnaval vem chegando eu
vou ficando cada vez mais acanhado.
Eu ficava (em outras épocas) feliz com a chegada do Carnaval, agora, não mais.
Na minha cabeça o Carnaval acabou no
ano de 1949, de lá pra cá, estamos só enterrando o que sobrou da folia.
Muitas transformações, muitas
mexidas, muitas coisas tradicionais foram banidas da festa e o Carnaval acabou
perdendo suas características, lamentável.
O Carnaval foi modificado na sua base,
justamente onde era pra ser preservado. Não sou contra a modernidade, mas o
Carnaval para ser Carnaval, precisaria que os seus fundamentos, sua base, sua essência
fosse respeitada e preservada, mas não foi isso o que aconteceu, acabaram com o
Carnaval e automaticamente acabaram também com os seus foliões.
Em se acabando com o Carnaval e seus
foliões se acabaram também com os sonhos, as fantasias, liberdade, vontade de
cantar e sambar três dias sem parar. Ninguém mais quer ser rei ou rainha,
palhaço ou colombina, capitão ou pirata, tudo perdeu a graça, o Carnaval perdeu
o seu encanto e seus verdadeiros foliões também foram morrendo de saudade,
tédio, tristeza, melancolia, tudo isso em pleno Carnaval.
Eu pergunto: cadê os confetes e serpentinas? Cadê as crianças
fantasiadas? Cadê os jovens vestidos de heróis ou de príncipes? E as músicas de
Carnaval? E as marchinhas, frevos, sambas? Tudo isso acabou!
Eu tenho lembrança do Prefeito entregando
a chave da Cidade ao Rei Momo, coretos, blocos de sujo, desfile de fantasias e
de uma gente tão animada que dava gosto de ver quando chegava o Carnaval. Era
muita alegria, muita disposição para arrumar a banda ou a bateria e todos
sorriam, todos brincavam, todos gostavam de Carnaval. Brincavam pelas ruas,
avenidas, clubes, praças.
Hoje, o que tenho do verdadeiro
Carnaval está na minha lembrança.
O Carnaval acabou e bota tempo nisso.
Infelizmente!