O Galo e a PérolaUm galo, que ciscava no terreiro para encontrar alimento, fossem migalhas, ou bichinhos para comer, acabou encontrando uma pérola preciosa. Após observar sua beleza por um instante, disse:
— Ó linda e preciosa pedra, que reluz seja com o sol, seja com a lua, ainda que esteja num lugar sujo, se te encontrasse um humano, fosse ele um construtor de joias, uma dama que gostasse de enfeites, ou mesmo um mercenário, te recolheria com muita alegria, mas a mim de nada prestas pois que é mais importante uma migalha, um verme, ou um grão que sirvam para o sustento.
Dito isto, a deixou e seguiu esgravatando para buscar conveniente mantimento.
Moral da história: cada um valoriza o que é mais importante para si de acordo com as suas necessidades.
O parto da montanha
Há muitos e muitos anos uma montanha começou a fazer um barulhão. As pessoas acharam que era porque ela ia ter um filho. Veio gente de longe e de perto, e se formou uma grande multidão querendo ver o que ia nascer da montanha.
Bobos e sabidos, todos tinham seus palpites. Os dias foram passando, as semanas foram passando e no fim os meses foram passando, e o barulho da montanha aumentava cada vez mais.
Os palpites das pessoas foram ficando cada vez mais malucos. Alguns diziam que o mundo ia acabar.
Um belo dia o barulho ficou fortíssimo, a montanha tremeu toda e depois rachou num rugido de arrepiar os cabelos. As pessoas nem respiravam de medo. De repente, do meio do pó e do barulho, apareceu… um rato.
Moral: nem sempre as promessas magníficas dão resultados impressionantes.
A Raposa e a Parreira
“É fácil desdenhar daquilo que não se alcança”
Uma raposa faminta entrou num terreno onde havia uma parreira, cheia de uvas maduras, cujos cachos se penduravam, muito alto, em cima de sua cabeça. A raposa não podia resistir à tentação de chupar aquelas uvas, mas, por mais que pulasse, não conseguia abocanhá-las. Cansada de pular, olhou mais uma vez os apetitosos cachos e disse:- Estão verdes ...
O cachorro e o loboCerta vez, um lobo, já bastante fraco devido à fome, resolveu passar perto de um pequeno vilarejo para ver se conseguia algum alimento.
Chegou lá no momento em que os já humanos haviam saído para trabalhar, encontrando apenas um cachorro. Assim, aproximou-se, pedindo a ele algo para se alimentar. O cachorro logo respondeu:
- Não se preocupe, amigo. Está vendo esta vasilha cheia de comida ao meu lado? Pode comer. Também pode beber a água que está ao lado dela.
O lobo, maravilhado, degustou a refeição. Em seguida, perguntou:
- Como você consegue o alimento tão facilmente assim?
- Meus humanos sempre dão para mim. Por que não fica por aqui também? Nunca mais passará frio, fome ou sede!
O lobo já estava quase aceitando a sugestão, quando, de repente, notou uma coleira em seu pescoço:
- O que é isto? Você está preso?
- Sim, não posso sair daqui. Mas é um preço pequeno a se pagar por todo esse conforto, não acha?
O lobo discordou e saiu correndo antes que os humanos chegassem e pudessem prendê-lo também.
Moral da história: muitas vezes, uma vida de muito conforto pode não passar de uma prisão.
O lobo e as ovelhas
Havia uma guerra entre os Lobos e as Ovelhas; estas, embora fossem mais fracas, como tinham a ajuda dos cães, levavam sempre a melhor. Os Lobos, então, pediram paz, com a condição de que dariam de penhor os seus filhos se as Ovelhas também lhes entregassem os cães.
As ovelhas aceitaram essas condições e foi feita a paz. Contudo os filhos dos Lobos, quando se viram na casa das ovelhas, começaram a uivar muito alto. Os pais, então, acudiram logo os filhos, pois pensaram que isso significava a quebra da paz. Diante disso, a guerra foi recomeçada.
Bem quiseram defender-se as Ovelhas, mas como a sua principal força consistia nos cães, os quais haviam sido entregues aos Lobos, as Ovelhas foram facilmente vencidas por eles e acabaram degoladas.
Moral da história
A fábula do lobo e das ovelhas carrega a moral de que nunca devemos entregar nossas armas ao inimigo em relação a um acordo de paz recente e suspeito.
Devemos sempre desconfiar dos novos tempos e ser precavidos. A narrativa também nos alerta para o perigo de meter em casa inimigos ou filhos de inimigos, como fizeram as ovelhas de espírito leve.
A raposa e o leão“Tinha a Raposa o seu covil bem fechado e estava lá dentro a gemer, porque estava doente; chegou à porta um Leão e perguntou-lhe como estava, e que a deixasse entrar, porque a queria lamber, que tinha virtude na língua, e lambendo-a, logo havia de sarar.
Respondeu a Raposa de dentro:— Não posso abrir, nem quero. Creio que a tua língua tem virtude; porém é tão má vizinhança a dos dentes, que lhe tenho grande medo, e portanto antes quero sofrer com o meu mal.”
Moral da história: essa fábula nos estimula a ser mais precavidos. Por mais que a gente esteja em um situação de sofrimento, precisamos estar alertas com quem nos oferece ajuda, afinal, nem todos têm boas intenções, e nem toda ajuda é bem-vinda. Não era possível saber as verdadeiras intenções do leão, mas por ser um predador por natureza, a desconfiança existia, então a raposa, muito sábia, prefere não aceitar a sua ajuda.
A macaca e a raposa
Uma Macaca sem rabo pediu a uma Raposa que cortasse metade do seu rabo e lhe desse, dizendo:
— Bem se vê que o seu rabo é demasiado grande, pois que até se arrasta e varre a terra; o que dele sobra pode dar a mim para cobrir estas partes que vergonhosamente trago descobertas.
Antes, quero que se arraste — disse a Raposa — e varra o chão. Por isso não te darei, nem quero que coisa minha te faça proveito.
E assim ficou a Macaca sem o rabo da Raposa.
Moral da história
A Raposa nos ensina que vamos nos cruzar ao longo da vida com criaturas de comportamento mesquinho, que, tendo recursos para fazer o bem, escolhem se omitir ou fazer o mal.
A Macaca pede um pedaço do rabo a Raposa porque sabe que ela tem para oferecer e que não lhe faria falta. A Raposa, por sua vez, tem um comportamento avarento, negando-se a partilhar ao recusar contribuir para tornar a vida da Macaca melhor.
O mosquito e o touro
Um mosquito estava voando em volta da cabeça de um touro. Depois de alguns instantes, ele decidiu pousar no chifre do animal e lá ficou parado por muitas horas. Quando decidiu ir embora, o mosquito imaginou que poderia estar incomodando. Então perguntou para o touro: “Meu peso o incomoda? Você quer que eu vá embora?”. O touro, por sua vez, ouviu e respondeu: “Por mim não tem problema nenhum. Na realidade, eu não percebi quando você chegou, então quando for embora eu também não notarei a sua ausência.”
Moral da história: há quem demore para entender o que essa fábula tem a dizer para fazer com que as pessoas reflitam. Mas a principal moral é que uma pessoa sem valor, que não faz a própria presença ser notada de forma positiva ou negativa, pode acabar caindo na indiferença e até mesmo no esquecimento por parte dos outros. Então muitas vezes quem acredita que está no centro das atenções pode estar, na verdade, passando despercebido.
O homem e o machado
Certa vez, um homem mandou forjar um machado e foi até a floresta para pedir que as árvores dessem um cabo para ele. As árvores se reuniram e decidiram que a oliveira forneceria um cabo de boa qualidade. Então o homem pegou o cabo na oliveira e começou a cortar e derrubar cada uma das árvores.
Com isso, o orvalho refletiu e disse para as árvores: “Nós merecemos isso. Somos culpados por ter ajudado o nosso inimigo a arrumar um cabo para o machado. Tornamo-nos a causa da nossa própria ruína."
Moral da história: quem ajuda o inimigo poderá causar a própria destruição. Por isso é preciso ter atenção às pessoas, às atitudes delas e também ao comportamento. É primordial entender quem deseja o nosso bem e também perceber quem possa estar desejando o nosso mal, porque se ajudarmos alguém com intenção negativa sobre nós, essa pessoa estará ainda mais próxima de conseguir fazer o mal a nós mesmos.
O burro carregando o sal
Certo dia, um burro caminhava por uma campina carregando um pesado fardo de sal. O Sol inclemente fazia o burrinho se cansar, e a verdade é que ele não aguentava mais aquele peso todo, queria mesmo era descansar, mas a entrega daquele sal precisava ser feita.
Então ele chegou até um rio. Era possível atravessá-lo, mas com algum esforço. O burro começou a travessia e, conforme a água batia no sal e o levava embora, o peso nas costas do burro ficava mais leve, obviamente. Cada tropeço, portanto, era um verdadeiro alívio, porque o peso de suas costas era reduzido. Em seguida, ele seguiu viagem mais feliz e menos cansado.
Alguns dias depois, fazendo a viagem de volta, o burro voltou àquele mesmo rio. Dessa vez, em vez de sal, carregava esponjas. Cansado de tanto trabalho, ele se pôs novamente a atravessar o rio e teve a seguinte ideia: “E se eu ‘tropeçar’ de novo para aliviar o peso das minhas costas?”.
Quando fez isso, as esponjas se encheram de água e tornaram aquele peso em suas costas insuportável, até que ele caiu no rio e morreu afogado, por não conseguir se erguer.
Moral da história: quem se acha esperto, acaba se tornando vítima de seu próprio truque.
O rei dos macacos
Dois amigos resolveram fazer uma aventura em uma floresta, mas acabaram se perdendo no caminho, então seguiram até encontrar um reino sem humanos. Quando eles chegaram ali, foram capturados e levados diante do rei, que era um gorila.
— De onde vocês vieram, o que dizem sobre mim por lá? — perguntou o gorila.
— Soberano, somente coisas boas! — respondeu o primeiro homem. — Dizem que o senhor é o imbatível rei dos macacos, um guerreiro invencível!
— Gostei de você! Você é muito sincero e será recompensado porque sabe tratar bem um rei. Criados, leve-os para um banquete! — finalizou o rei.
E assim o bajulador se salvou. Então chegou a vez do seu companheiro.
— De onde vocês vieram, o que dizem sobre mim por lá? — perguntou o gorila.
— Que o senhor é um macaco! — respondeu o segundo homem.
— Mas o que dizem de minha soberania e autoridade? — insistiu o rei.
— Em minha terra, o senhor é um macaco e nada mais! Não passa de mais uma espécie de animal — completou o homem.
Com raiva, o gorila mandou prendê-lo e manteve solto aquele que o enganou.
Moral da história: é preciso que saibamos escolher como amigos aqueles que são sinceros e honestos, não aqueles que dizem somente o que queremos ouvir.
O Galo e a Raposa
"Muitas vezes, quem quer enganar acaba sendo enganado"
Empoleirado em um alto galho de árvore, o galo estava de sentinela, vigiando o campo para ver se não havia perigo para as galinhas e os pintinhos que ciscavam o solo à procura de minhocas. A raposa, que passava por ali, logo os viu e imaginou o maravilhoso almoço que teria se comesse um deles. Quando viu o galo de vigia, a raposa logo inventou uma historinha para enganá-lo.- Amigo galo, pode ficar sossegado. Não precisa cantar para avisar às galinhas e os pintinhos que estou chegando. Eu vim em paz. O galo, desconfiado, perguntou:- O que aconteceu? As raposas sempre foram nossas inimigas. Nossos amigos são os patos, os coelhos e os cachorros. Que é isso agora?Mas a espertalhona continuou:- Caro amigo, esse tempo já passou! Todos os bichos fizeram as pazes e estão convivendo em harmonia. Não somos mais inimigos. Para provar o que digo, desça daí para que eu possa lhe dar um grande abraço!O que a raposa queria, na verdade, era impedir que o galo voasse para longe. Se ele descesse até onde ela estava, seria fácil dar-lhe um bote. Mas o galo não era bobo. Desconfiado das intenções da raposa, ele lhe perguntou:- Você tem certeza de que os bichos são todos amigos agora? Isso quer dizer que você não tem mais medo dos cães de caça?- Claro que não! - confirmou a raposa.Então o galo disse:- Ainda bem! Porque, daqui de cima estou avistando um bando que vem correndo para cá. Mas, como você disse, não há perigo, não é mesmo?- O que?! - gritou a raposa, apavorada.- São os seus amigos! Não precisa fugir, cara raposa. Os cães estão vindo para lhe dar um grande abraço, como esse que você quer me dar.Mas a raposa, tremendo de medo, fugiu em disparada, antes que os cães chegassem.
O Sapo e o Poço"Dois sapos viveram em um pântano até que um verão muito violento secou toda a água. Eles, então, foram obrigados a buscar um novo lugar para morar. Depois de alguns dias procurando, encontraram um velho poço, bastante profundo. Olhando para baixo, um deles disse:
– Este parece ser um lugar agradável. Vamos saltar e nos instalar nele.
Mas seu amigo respondeu:
– Não tão rápido assim. Se o poço secar, como iremos sair daí?"
É preciso que a gente sempre observe todos os lados de uma história e até mesmo de uma situação. Às vezes, o que parece ser mais fácil nesse momento pode te prejudicar no futuro. Sempre observe e avalie todas as decisões que você for tomar.
O Burro e o Leão
"Um Burro simplório cruzou-se com um Leão no caminho e, altivo e presunçoso, atreveu-se a falar-lhe, dizendo:
– Saia do meu caminho!
Vendo este desatino e ousadia, o Leão deteve-se por um instante; mas prosseguiu logo o seu caminho, dizendo:
– Pouco me custaria matar e desfazer este Burro agora mesmo; porém não quero sujar os meus dentes nem as fortes unhas em carne tão ordinária e fraca.
E seguiu caminho sem fazer caso dele."
Existem algumas situações nas nossas vidas em que é melhor ter paz do que ter razão. Vários tipos de pessoas vão cruzar os nossos caminhos, mas são as nossas ações que vão determinar quem somos!
A cigarra e a formiga
"Trabalhando duro é que se chega lá."
Era uma vez, uma cigarra que vivia saltitando e cantando pelo bosque, sem se preocupar com o futuro. Esbarrando numa formiguinha, que carregava uma folha pesada, perguntou:
- Ei, formiguinha, para que todo esse trabalho? O verão é para gente aproveitar! O verão é para gente se divertir!
- Não, não, não! Nós, formigas, não temos tempo para diversão. É preciso trabalhar agora para guardar comida para o inverno.
Durante o verão, a cigarra continuou se divertindo e passeando por todo o bosque. Quando tinha fome, era só pegar uma folha e comer. Um belo dia, passou de novo perto da formiguinha carregando outra pesada folha. A cigarra então aconselhou:
- Deixa esse trabalho para as outras! Vamos nos divertir. Vamos, formiguinha, vamos cantar! Vamos dançar!
A formiguinha gostou da sugestão. Ela resolveu ver a vida que a cigarra levava e ficou encantada. Resolveu viver também como sua amiga. Mas, no dia seguinte, apareceu a rainha do formigueiro e, ao vê-la se divertindo, olhou feio para ela e ordenou que voltasse ao trabalho. Tinha terminado a vidinha boa. A rainha das formigas falou então para a cigarra:
- Se não mudar de vida, no inverno você há de se arrepender, cigarra! Vai passar fome e frio.
A cigarra nem ligou, fez uma reverência para rainha e comentou:
- Hum!! O inverno ainda está longe, querida! Para a cigarra, o que importava era aproveitar a vida e aproveitar o hoje, sem pensar no amanhã. Para que construir um abrigo? Para que armazenar alimento? Pura perda de tempo.
Certo dia, o inverno chegou e a cigarra começou a tiritar de frio. Sentia seu corpo gelado e não tinha o que comer. Desesperada, foi bater na casa da formiga. Abrindo a porta, a formiga viu na sua frente a cigarra quase morta de frio. Puxou-a para dentro, agasalhou-a e deu-lhe uma sopa bem quente e deliciosa. Naquela hora, apareceu a rainha das formigas que disse à cigarra:
- No mundo das formigas, todos trabalham e se você quiser ficar conosco, cumpra o seu dever: toque e cante para nós. Para a cigarra e paras as formigas, aquele foi o inverno mais feliz das suas vidas.
O lobo, os porquinhos e a coruja
“Não arrisque fazer maldade, pois a verdade não dorme”
Na floresta, havia um lobo que estava com muita fome. Ao analisar o movimento da estrada, viu um trio de porquinhos felizes vindo ao seu encontro. Neles, viu a oportunidade perfeita para fazer um lanche, então resolveu se esconder para assustá-los e pegá-los de surpresa. Ele só não contava com uma coruja espiã, que estava analisando todo o movimento da redondeza. Rapidamente, ela foi avisar os porquinhos de que eles estavam correndo perigo, fazendo com que trocassem de caminho e deixassem o lobo à mercê de fazer crueldades.
A rã e o boi
“Quem tenta parecer maior do que é se arrebenta.”
Uma rã estava no prado olhando um boi e sentiu muita inveja do tamanho dele. Foi então que ela começou a inflar para ficar maior do que o animal.Outra rã chegou e perguntou se o boi era o maior dos dois.A primeira respondeu que não – e se esforçou para inflar mais.Depois, repetiu a pergunta:– Quem é maior agora?A outra rã respondeu:– O boi.A rã ficou furiosa e tentou ficar maior inflando mais e mais, até que arrebentou.
A raposa e as uvas
"É importante que as pessoas tenham a oportunidade de corrigir as suas falhas."
Numa manhã de outono, enquanto uma raposa descansava debaixo de uma plantação de uvas, viu alguns ramos de uva bonitas e maduras diante dos seus olhos. Com desejo de comer algo refrescante e diferente do que estava acostumada, a raposa se levantou, ergueu as patas para pegar e comer as uvas. O que a raposa não sabia era que os ramos das uvas estavam muito mais altos do que ela imaginava. Então, buscou um meio de alcançá-los. Pulou, pulou, mas seus dedos não conseguiam nem os tocar. Havia muitas uvas, mas a raposa não podia alcançá-las. Voltou a correr e a saltar outra vez, mas o salto foi curto. Ainda assim a raposa não se deu por vencida. Novamente correu e saltou, e nada. As uvas pareciam estar cada vez mais distantes e mais altas. Cansada pelo esforço e se sentindo impossibilitada de conseguir alcançar as uvas, a raposa se convenceu de que era inútil repetir a tentativa. As uvas estavam muito altas e a raposa sentiu-se muito frustrada. Esgotada e resignada, a raposa decidiu desistir das uvas. Quando a raposa estava quase retornando para o bosque, deu-se conta que um pássaro que voava por ali tinha observado toda a cena e se sentiu envergonhada. Acreditando ter feito um papel ridículo para conseguir alcançar as uvas, a raposa se dirigiu ao pássaro e disse:
- Eu teria conseguido alcançar as uvas se elas estivessem maduras. Eu me enganei no começo, pensando que estavam maduras, mas quando me dei conta que ainda estavam verdes, desisti de alcançá-las. As uvas verdes não são um bom alimento para um paladar tão refinado como o meu.
E foi assim que a raposa seguiu o seu caminho, tentando se convencer de que não foi por falta de esforço que ela não tinha conseguido comer aquelas uvas deliciosas. E sim porque estavam verdes.
O cachorro e seu reflexo
"Nem sempre tudo o que aparenta é a verdade."
Um cachorro carregava à boca um pedaço de carne que acabara de conseguir, quando, ao cruzar uma ponte sobre um riacho de águas límpidas, de repente, vê sua imagem refletida no espelho d'água. Diante da cena, logo imaginou que se tratava de outro cachorro carregando à boca um pedaço de carne bem maior que o seu. Não pensou duas vezes e, depois de deixar cair no riacho o pedaço que carregava, ferozmente se atirou sobre o animal refletido na água com a intenção de tomar aquela porção de carne que julgava ter o dobro do tamanho da sua. Agindo assim, acabou perdendo a ambos. Aquele que tentou pegar na água, já que se tratava apenas de um simples reflexo, e o seu próprio, uma vez que ao largá-lo nas águas, a correnteza acabou por levar para longe, fora do seu alcance.
A raposa e o leão
Havia uma raposa que vivia sozinha em sua morada, numa caverna fechada, sem saída para o mundo externo. Certa vez, a raposa, sem perceber o chão úmido, escorregou e viu-se com a pata ferida. Passou então a gemer alto por longas horas, a fim de aliviar a dor que sentia.
Enquanto isso, passava do outro lado da caverna um forte leão, que tudo ouvia. Intrigado com o choro da raposa, chegou mais perto e, sem encontrar nenhum caminho que levasse à entrada da caverna, começou a gritar:
- Raposa, percebo que está machucada! Permita que eu adentre sua casa, pois possuo uma língua com muitas virtudes, capaz de curar qualquer ferida apenas ao lambê-la.
A raposa, muito sábia, porém, não permitiu:
- Não duvido que sua língua possua grandes virtudes e possa me curar de qualquer mal, caro leão. Entretanto ela possui uma péssima vizinhança: os seus dentes. Prefiro permanecer aqui com minha dor, que parece ser o menor dos males.
Moral da história: por mais que você confie na pessoa de quem está recebendo ajuda, sempre confira se as pessoas ao redor dela também são confiáveis. Senão, quando menos espera, você pode sofrer um ataque dessa má vizinhança.
A mulher que possuía uma galinha
"Quanto mais se quer, menos se tem."
Uma mulher possuía uma galinha, que todos os dias, milagrosamente, pontualmente, sem falta, botava um ovo. Ela então, pensava consigo mesma, como poderia fazer para obter, ao invés de um, dois ovos por dia. Assim, disposta a atingir seu objetivo, decidiu alimentar a galinha com uma porção de ração reforçada, o dobro da medida que lhe oferecia todos os dias.
Então, a partir daquele dia, a galinha que comia sem parar, tornou-se gorda e preguiçosa, e nunca mais botou nenhum ovo.