Nesses últimos anos tenho notado que muitas coisas que antes eram veneradas, cultuadas, com o seu devido respeito, seja por razões sentimentais ou simplesmente para manter as tradições, estão aos poucos sendo deixadas de lado.
Você pode achar que estou sendo saudosista, mas, não importa, o que eu quero dizer é que hoje em dia, por exemplo, não se brinca mais o Carnaval como no passado, a população foi perdendo aquele espírito carnavalesco e o que se vê hoje em dia é um arremedo das festas de Momo. Nem mesmo os CD’s das Escolas de Samba tem mais aquele apêlo; o próprio desfile que era aguardado com muita expectativa pelo povão que preparava paneladas com vários tipos de comidas para acompanhar até o amanhecer o desfile de todas as agremiações regado a refrigerante, sucos, cerveja, (muito café para espantar o sono), hoje é coisa rara. Resumo: nem espírito carnavalesco, nem razões sentimentais e muito menos respeito as tradições, ficou tudo no passado. O Carnaval não vai acabar, mas seguirá nesse novo formato, completamente descaracterizado, sem brilho, sem magia, sem alegria, sem folia, sem brincadeira e sem um dos seus principais, digamos, ingredientes - o poder de provocar a ilusão de ser rei ou rainha por três dias ou ser um pirata, ser palhaço ou colombina, até mesmo ser homem ou mulher, mas só de brincadeira. Desfilar na avenida não tem mais aquele encanto, não atrai mais como atraía no passado. Esse ano não vai ser igualaqueles anos que passaram, o Carnaval nunca mais será como foi no passado. Aquele amor, já era. Amor ao Carnaval, a fantasia.
Mas apesar dos pesares, “vou beijar-te, agora, não me leve a mal, apesar dos pesares, hoje ainda é Carnaval e Carnaval dos bons e velhos tempos, pelo menos no meu coração”.