Depois de anos, meses, semanas, dias, horas e minutos de agonia, finalmente, o Carnaval morreu. Antes ele do que eu. Estou livre do Carnaval.
Eu ficaria casado com o Carnaval até que a morte nos separasse e foi exatamente o que aconteceu. O Carnaval morreu. Antes ele do que eu.
Vai tarde, maldita festa da carne e leve contigo todos os piratas de perna de pau, olho de vidro e cara de mau, pierrôs (os bobalhões apaixonados), colombinas vadias, palhaços, ciganas e cordões, sociedades fracassadas, escolas de samba de crioulos doidos varridos e jogados à margem das avenidas.
Estou livre do Carnaval. O Carnaval morreu. Antes ele do que eu.
Nunca mais (só) três dias de folia e brincadeira. Daqui pra frente serão 365 dias de felicidade sem aquele encosto me fazendo de gato e sapato pra depois me transformar num tamborim barato assombrado por santos fantasiados de demônios, drogados de preconceitos, violentos e sedentos de sangue, do meu sangue.