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quinta-feira, 5 de setembro de 2024

Campinarte... Contos e Fábulas

 

O cachorro e o lobo

Certa vez, um lobo, já bastante fraco devido à fome, resolveu passar perto de um pequeno vilarejo para ver se conseguia algum alimento.
Chegou lá no momento em que os já humanos haviam saído para trabalhar, encontrando apenas um cachorro. Assim, aproximou-se, pedindo a ele algo para se alimentar. O cachorro logo respondeu:
- Não se preocupe, amigo. Está vendo esta vasilha cheia de comida ao meu lado? Pode comer. Também pode beber a água que está ao lado dela.
O lobo, maravilhado, degustou a refeição. Em seguida, perguntou:
- Como você consegue o alimento tão facilmente assim?
- Meus humanos sempre dão para mim. Por que não fica por aqui também? Nunca mais passará frio, fome ou sede!
O lobo já estava quase aceitando a sugestão, quando, de repente, notou uma coleira em seu pescoço:
- O que é isto? Você está preso?
- Sim, não posso sair daqui. Mas é um preço pequeno a se pagar por todo esse conforto, não acha?
O lobo discordou e saiu correndo antes que os humanos chegassem e pudessem prendê-lo também.

Moral da história: muitas vezes, uma vida de muito conforto pode não passar de uma prisão.


O parto da montanha

Há muitos e muitos anos uma montanha começou a fazer um barulhão. As pessoas acharam que era porque ela ia ter um filho. Veio gente de longe e de perto, e se formou uma grande multidão querendo ver o que ia nascer da montanha.

Bobos e sabidos, todos tinham seus palpites. Os dias foram passando, as semanas foram passando e no fim os meses foram passando, e o barulho da montanha aumentava cada vez mais.

Os palpites das pessoas foram ficando cada vez mais malucos. Alguns diziam que o mundo ia acabar.

Um belo dia o barulho ficou fortíssimo, a montanha tremeu toda e depois rachou num rugido de arrepiar os cabelos. As pessoas nem respiravam de medo. De repente, do meio do pó e do barulho, apareceu… um rato.

Moral: nem sempre as promessas magníficas dão resultados impressionantes.


O Galo e a Pérola

Um galo, que ciscava no terreiro para encontrar alimento, fossem migalhas, ou bichinhos para comer, acabou encontrando uma pérola preciosa. Após observar sua beleza por um instante, disse:

— Ó linda e preciosa pedra, que reluz seja com o sol, seja com a lua, ainda que esteja num lugar sujo, se te encontrasse um humano, fosse ele um construtor de joias, uma dama que gostasse de enfeites, ou mesmo um mercenário, te recolheria com muita alegria, mas a mim de nada prestas pois que é mais importante uma migalha, um verme, ou um grão que sirvam para o sustento.

Dito isto, a deixou e seguiu esgravatando para buscar conveniente mantimento.

Moral da história: cada um valoriza o que é mais importante para si de acordo com as suas necessidades.


A mula, o velho e o menino

Um menino e um velho decidiram ir à cidade vender a mula. No caminho, encontraram uma senhora que achou aquilo um absurdo:
— Veja! Um homem velho andando a pé com a mula folgada sem carregar peso algum!
Percebendo que a senhora estava certa, o velho resolveu montar no animal para continuar a viagem.
Passou por um jovem que também comentou:
— Que absurdo! Um homem forte e pesado como você montado sossegado na mula e o pequeno garoto andando a pé... Não tem vergonha!?
O velho, refletindo a respeito do que o jovem disse, decidiu descer e dar a montaria para o menino, continuando a viagem a pé.
Seguindo, encontraram duas mulheres que também comentaram:
— Essa mula é forte, com certeza consegue levar os dois.
O velho resolveu seguir o conselho, agora das moças, e subiu na mula junto com o menino.
Seguiram andando quando encontraram dois padres que reprovaram a atitude:
— Que irresponsabilidade! Estão querendo matar o pobre animal! Assim, o que chega à cidade não é mais a mula: é a sombra dela! No mínimo, eles é que deveriam carregá-la!
Ouvindo os padres, pegaram a mula no colo e carregaram-na até entrar na cidade; todo mundo ria da cena:
– Olhem: Três burros, dois de dois pés e um de quatro! Mas qual dos três é o mais burro?
– Sou eu! – replicou o velho. – Venho há uma hora fazendo o que querem. Agora farei o que manda a consciência, não me importa se o mundo concorda ou não!

Moral da história: Quem quer agradar a todos acaba não agradando a ninguém.


O limão insatisfeito

“Num mesmo pomar, viviam, lado a lado, um pé de limão galego e um pé de tangerina.

O pé de tangerina estava sempre com crianças à sua volta.

Era depois da brincadeira... Era na volta da escola... Era depois do jantar...

As crianças deliciavam-se com as gostosas tangerinas.

Um limão galego, do pé de limão vizinho, olhava tudo aquilo muito aborrecido.

Ninguém queria saber dele. Nenhuma criança o olhava com alegria, como faziam com a tangerina.

Também pudera... os limões eram tão azedos!

E eles iam ficando esquecidos no seu pé até ficarem velhos... Ou até quando a cozinheira se lembrava deles para temperar a carne ou a salada. Mas aquele limão galego não aceitava viver assim. Tudo que ele queria era ser doce como uma tangerina.

Aconteceu que, num dia de temporal, o vento o arrancou do limoeiro; e ele caiu num galho do pé de tangerina.

Meio assustado, o limão galego viu que estava bem ao lado de uma tangerina bem gordinha.

Ficou feliz! Agora, naquele pé, poderia passar por uma tangerina e seria admirado por todos.

O limão ajeitou-se da melhor forma que pôde, bem junto a uma folhinha, e ali ficou com ares de tangerina.”

Moral da história: Ser autêntico e aceitar a própria natureza é o caminho para a felicidade. Cada um de nós possui características únicas e especiais. Ao abraçá-las com orgulho, encontramos nosso verdadeiro lugar e valor na vida, atraindo apenas pessoas que nos apreciarão por quem somos!

O pastor mentiroso

Era uma vez um jovem pastor que costumava levar o seu rebanho de ovelhas para a serra a pastar. Como estava sozinho durante todo o dia, aborrecia-se muito. Então pensou numa maneira de ter companhia e de se divertir um pouco.

Voltou-se na direção da aldeia e gritou: "Lobo! Lobo!". Os camponeses correram em seu auxílio. Não gostaram da graça, mas alguns deles acabaram por ficar junto do pastor por algum tempo. O rapaz ficou tão contente que repetiu várias vezes a façanha.

Alguns dias depois, um lobo saiu da floresta e atacou o rebanho. O pastorzinho pediu ajuda, gritando ainda mais alto do que costumava fazer: "Lobo! Lobo!". Como os camponeses já tinham sido enganados várias vezes, pensaram que era mais uma brincadeira e não o foram ajudar.

O lobo pôde encher a barriga à vontade porque ninguém o impediu. Quando voltou à aldeia, o rapaz queixou-se amargamente, mas o homem mais velho e sábio da aldeia respondeu-lhe: "Na boca do mentiroso, o certo é duvidoso".

Moral da história: a mentira tem perna curta, e quem tanto mente acaba perdendo a credibilidade com os outros.